Domingo passado, quando as câmeras de TV mostraram as multidões em torno do Staples Center, no coração de Los Angeles, foi como se a cidade estivesse num loop de tempo, como num episódio de "Lost" --quase exatamente há um ano, multidões assim convergiam para o mesmo local, com o mesmo nível de paixão.
Um ano atrás, numa tarde amena de verão, Los Angeles perdia um de seus moradores mais queridos, celebrados e controvertidos --Michael Jackson, nascido em Gary, Indiana, no meio oeste, mas parte integral da história da capital do show business desde que a família se mudou para cá no início dos anos 1970, e os irmãos Jackson eram figuras conhecidas nas ruas de East Hollywood, indo e vindo da escola na companhia da mãe. Um ano atrás, o centro de Los Angeles parava para lembrar essa perda e, de certa forma, tentar suprir a súbita ausência. Dentro do Staples Center, familiares e amigos ilustres prestavam homenagem ao Rei do Pop. Nas ruas em torno do imenso ginásio esportivo, milhares de fãs de todas as idades e ocupações criavam seus próprios tributos, uma mistura de luto e festa que, curiosamente, fazia sentido.
Um ano depois, a agitação em torno do Staples não tem nada a ver com Michael --são os Lakers, bicampeões de basquete, que ocupam os corações e mentes da cidade. Não há celebração oficial planejada --na verdade, a prefeitura de Los Angeles, em apuros financeiros há dois anos, ainda está lutando para receber os valores relativos aos gastos com segurança pública, bombeiros, emergências médicas e energia durante o memorial do ano passado.
O MJ Fan Club, associado à produtora Voice Plate está organizando o único grande evento da data --"Forever Michael", um show tributo a Michael Jackson no hotel Beverly Hilton, em Beverly Hills (o mesmo dos Globos de Ouro). Os Chi Lites e Genevieve Jackson, sobrinha de Michael, já estão confirmados. E durante algum tempo ficou um certo mal estar no ar parte da renda do evento (onde cada ingresso custa entre US$ 150 e US$ 500) estava destinada à Michael Jackson Foundation que, apesar do nome, é uma entidade criada por Joe Jackson, o vilanesco pai do Rei do Pop, com a finalidade de "gerar capital para a construção do Museu da Familia Jackson". Quando a Voice Plate anunciou que a renda reverteria para as obras beneficentes favoritas de Michael e o evento recebeu o endosso de Katherine Jackson, mãe de MJ, o clima melhorou.
Mesmo assim, "Forever Michael" que será no sábado dia 26 de junho de 2010, um dia depois do aniversário continua sendo o único grande evento a lembrar o Rei do Pop. O mausoléu onde MJ está enterrado, no cemitério Forest Lawn, será cenário de uma cerimônia privada para familiares e amigos íntimos. A família ainda está estudando que nível de acesso os fãs terão pela primeira vez desde o enterro do Rei do Pop os fãs poderão se aproximar do túmulo e depositar lembranças, mas ainda não se sabe quão perto poderão chegar, nem em que horários.
Emissoras de rádio e TV prepararam especiais para ir ao ar esta semana, é claro: o mais curioso de todos é o documentário "Michael Jackson and Bubbles: The Untold Story", estreou na quarta-feira 23 de junho de 2010 e vai até sexta uma narrativa dos animais de estimação do Rei do Pop, guiada por uma longa entrevista com a irmã La Toya (é claro que o chimpanzé Bubbles é a estrela?). O mais triste e possivelmente completo de todos os especiais deve ser o documentario "Gone Too Soon", do canal TV Guide, que faz a crônica investigativa dos últimos dias de vida de Michael Jackson em Los Angeles os ensaios para o mega-show que não houve, a insônia crônica, a fadiga, os remédios, os médicos?..
Michael Jackson em coletiva de imprensa no O2 Arena em Londres (5/3/2009)
Os portões da casa da família, no bairro residencial de Encino, certamente receberão a visita dos fãs mais fiéis, e vamos ouvir muito "Thriller", "Billie Jean"" e Beat It" no rádio. Mas, pelo jeito, de resto será um belo dia de verão como qualquer outro no sul da Califórnia.