3 de nov. de 2010

Parelhas - RN

Durante o período da ocupação holandesa no Rio Grande do Norte, os índios das tribos guerreiras dos Canindés e Janduís habitantes pioneiros da região, aliaram-se aos invasores. Com o advento do levante indígena chamado Guerra dos Bárbaros, chegaram ao território vários destacamentos armados, comandados por Domingos Jorge Velho, com o objetivo de acalmar a região. 
No ano de 1690, as tropas lideradas por Afonso Albuquerque Maranhão conseguiram derrotar o tuxama da tribo Canindés e mais de mil guerreiros. Após a derrota, os índios sobreviventes foram conduzidos para o litoral.

Com a tranqüilidade restaurada os primeiros povoadores, procedentes das redondezas do rio São Francisco, chegaram e se instalaram às margens do rio Seridó atraídos pela qualidade das terras propícias a agricultura e à criação de gado. O Tenente Francisco Fernandes de Souza que chegou à região nos idos de 1700, é considerado o mais antigo entre os pioneiros moradores do território.
Em 1850, a Fazenda Boqueirão de propriedade do Sr. Félix Gomes Pereira era considerada um ponto de encontro de boiadeiros com destino à Paraíba e de cavaleiros que passavam sistematicamente para a feira de Conceição do Azevedo (hoje Jardim do Seridó). Nos caminhos da Fazenda Boqueirão havia uma ampla estrada onde os cavaleiros e boiadeiros costumavam experimentar a velocidade de seus cavalos, correndo lado a lado, pegando parelha, surgindo assim o nome da localidade.
Uma terrível epidemia do Cólera Morbus se alastrou por todo o território do Rio Grande do Norte, em 1856, e Sebastião Gomes de Oliveira e Cosme Luiz, moradores das redondezas, fizeram a promessa de construir uma capela consagrada a São Sebastião, se lhes fosse concedida a graça de escapar do flagelo. Desaparecida a peste a capela foi construída originando, conseqüentemente, o surgimento de várias casas ao seu redor. Em 1888, o padre Bento Pereira de Maria Barros realizou no povoado a primeira feira e o povoamento de Parelhas, a terra da ampla estrada dos cavalos emparelhados, estava virando realidade.
Em 26 de novembro de 1920, pela Lei n° 478, o povoado de Parelhas foi elevado à categoria de vila tendo sua freguesia criada no dia 8 de novembro, de 1926. Por força da Lei n° 630, o povoado foi desmembrado do município de Jardim do Seridó tornando-se município.

O TOPÔNIMO DE PARELHAS
(por Tertuliano Pereira Neto)
O Topônimo deste município teve origem numa competição esportiva conhecida como “parelhas”, muito comum na região em meados do século XIX. Por ter suas várzeas planas e extensas a localidade conhecida como Boqueirão, às margens do rio Seridó, tornou-se ponto de encontro tradicional de cavaleiros da época, que disputavam corridas montadas em seus cavalos, sempre em duplas ou parelhas, numa espécie de jóquei rústico. O evento atraia habitantes de toda a redondeza e chegou a ser atração domingueira para as corridas, com direito a prêmio e festejos. O local passou a ser conhecido como “boqueirão de parelhas”.
AS ORIGENS DO MUNICÍPIO
Depois da passagem por aqui, do bandeirante Domingos Jorge Velho, em 1688, a primeira ocupação do solo parelhense aconteceu em 1700, com o tenente Francisco Fernandes de Souza eu requereu e ganhou um a sesmaria de três léguas quadradas incluindo a localidade denominada Boqueirão. Depois, só em meados do século XIX, já com um aglomerado de casas construídas às margens do rio seridó, é que se tem informação mais concreta do povoamento. Foi quando se estabeleceu epidemia da cólera morbus que, praticamente matou ou pôs debandada a pequena população local. Poucas famílias sobreviveram a doença entre estas estavam, Cosme Luiz, Sebastião Gomes de Oliveira e Félix Gomes. A partir daí os registros históricos são seqüenciados, principalmente a partir de 1856, com a construção da capela de São Sebastião, em agradecimento a uma graça alcançada por Cosme Luiz e Sebastião Gomes (Sebastião Chocalho), que, segundo a história, pediram o fim da epidemia no local e foram atendidos. Neste ano de 1856 ficou oficialmente convencionada a fundação da vila de Parelhas. Dos marcos históricos da época apenas três não conhecidos: a Igreja Matriz de São Sebastião, o cemitério dos coléricos do Boqueirão e outro do povoado Juazeiro. O do Boqueirão infelizmente desapareceu em 2003 quando a Prefeitura construiu sobre ele uma praça pública. Já no Juazeiro o cemitério memorial do colérico ainda está preservado, com seus muros de pedra e argamassa como também a estrutura do oratório (capela) e que deverá ser restaurado neste final de 2005. Este cemitério secular foi construído por Virgínio Vaz de Carvalho, pai do patriarca Bernardino de Sena e Silva. Logo ao terminar a obra Virginio e seu filho Manoel Vaz, contraíram a cólera, vindo a falecer, sendo ali sepultados.
70 ANOS MAIS TARDE
Depois de ganhar a categoria de município, em 1927, Parelhas teve importante participação na política do estado, com a Revolução de 1930, durante o governo do interventor Mario Câmara, que, em 1933 nomeou para prefeito de Parelhas o comerciante e fazendeiro paraibano, Ageu de Castro, líder da facção Liberal ou pelabucho, que entrou em confronto armado com os militantes do Partido Popular, conhecido no Rio Grande do Norte como Perrepistas. Os Perrepistas eram liderados em Parelhas pelo fazendeiro Florêncio Luciano com o apoio de toda a elite de coronéis da região.
As escaramuças partidárias culminaram com o famoso “tiroteio de 13 de agosto de 1934”, durante um comício realizado na cidade pelos perrepistas. Este episódio foi noticiado na imprensa de quase todo o país.

REFERENCIAIS HISTÓRICOS
Os efeitos da expansão urbana desordenada e a falta de políticas públicas voltadas para a área de História e Cultura e ainda a influencia da ditadura militar, a partir dos anos 60, fizeram desaparecer praticamente todo o referencial histórico e cultural de Parelhas, entre monumentos e documentários; dificultando sobremaneira o resgate e aprofundamento da memória.


Fonte: Prefeitura de Parelhas

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