11 de jul. de 2011

Cinema

Um mês depois de promissoras pré- estreias, cineastas cearenses revelam seus próximos planos: criações, negociações comerciais e a prova de um circuito ativo que estimula o Estado


Apesar das inarredáveis dificuldades enfrentadas por quem insiste em fazer cinema no Ceará, não se pode fugir dos fatos: o Estado é um dos que mais produz audiovisual no País. Na última edição do Cine Ceará - Festival Ibero Americano de Cinema, dos três filmes brasileiros selecionados para a mostra competitiva de longas-metragens, dois eram cearenses: "Homens com Cheiro de Flor", de Joe Pimentel, e "Mãe e Filha", de Petrus Cariry, o grande vencedor da disputa. Mas quais os próximos passos desses nomes importantes da cena local?

Negociações

Aparentemente, boa parte deles, ainda que se dedique à divulgação das produções finalizadas, não consegue parar de pensar em novos projetos. Karim Aïnouz, mesmo distante da terra natal, dividindo-se entre São Paulo, a cidade do trabalho, e Berlim, a dos sonhos, já anuncia para 2012 a estreia do longa-metragem produzido entre os dois países: "Praia do Futuro". Antes dele, contudo, a mente não parou: dirigiu, no Rio de Janeiro, "Eclipse de Violeta", baseado na música "Olhos nos Olhos", de Chico Buarque.

O premiado longa "Mãe e Filha", de Petrus Cariry, que foi ovacionado pela plateia durante exibição no Cine Ceará, deve percorrer os circuitos de festivais até o fim do ano. "Quero concorrer a próximos festivais e fazer a primeira exibição internacional do filme. Já recebi alguns convites, mas quero divulgar quando estiver com tudo acertado", adianta. Seu último longa, "O Grão", alcançou com sucesso alguns cinemas internacionais.

"Mãe e Filha" foi rodado no Sertão dos Inhamuns, em que Petrus novamente dialogou com o ambiente de seu último longa. A produção, que contou com o mirrado orçamento de R$ 150 mil, não foi, no entanto, integralmente custeada por apoios. "Metade do valor saiu do nosso bolso", revela. O diretor não está, contudo, preocupado e assegura: "Interessa-me muito mais o valor artístico da obra do que o financeiro. Isso a gente vai dando um jeito". O lançamento comercial do filme deverá ser feito em março.

Mas as negociações com distribuidoras não povoam por completo a mente do cineasta, que j está às voltas com um novo projeto. "Clarice ou Alguma Coisa de Nós Dois" está em seu quinto tratamento de roteiro, mas é ainda considerado "embrionário". "Só posso dizer que, diferente dos outros dois, será um drama urbano", comenta Petrus Cariry.

Como na casa dos Cariry se respira cinema, não apenas o filho está na ativa. O pai, Rosemberg Cariry, também se mantém produzindo. Em conversa rápida, adiantou um pouco de sua nova empreitada: um documentário sobre Cego Aderaldo. "Sempre tive pelo Cego Aderaldo uma grande admiração. Em vários filmes meus, notadamente em ´Corisco e Dadá´ e ´Cine Tupuia´, trabalhei com personagens inspirados nele. Agora tenho a oportunidade de fazer um documentário sobre sua vida", comemora Rosemberg.

Segundo o cineasta, há pelo menos 10 anos está reunindo arquivos, filmando e guardando depoimentos, que renderão não só um documentário em longa metragem, mas também um livro. "No filme, que se chama ´Cego Aderaldo - O Cantador e o Mito´, convidei o cantador Louro Branco para fazer a figura do Cego Aderaldo. Também estou convidando vários cantadores nordestinos para participar, com depoimentos, improvisos e cantorias", comenta o diretor. Segundo Rosemberg, o documentário será lançado nacionalmente pela TV Brasil, em data ainda indefinida.

Wolney Oliveira e Joe Pimentel também vivem os processos de lançamento. Depois do sucesso de mais uma edição do Cine Ceará e da pré-estreia de seu novo longa, Wolney deve entrar em negociação com distribuidores para a estreia comercial de "Os Últimos Cangaceiros", emocionante documentário sobre Durvinha e Moreno, que integraram o bando de Lampião. Tendo escondido sua identidade até mesmo dos filhos, o casal revelou na película sua participa- ção no bando, em lúcidos depoimentos, colhidos a quatro ou cinco anos. Ambos faleceram pouco depois das filmagens.

Já Joe Pimentel comemora um nascimento. "Pari um filho e agora estou cuidado dele", comenta. Progenitor do drama "Homens com cheiro de flor", sobre o sertão e a pistolagem, Joe divide seu tempo entre os trabalhos na Trio Filmes, sua produtora, e os cuidados que o novo filho requer. Afirma que já está conversando com duas distribuidoras e que também pretende participar de festivais. A inserção do diretor em longas aconteceu a partir da codireção de "Bezerra de Menezes - o Diário de um Espírito", em 2008, o primeiro projeto de uma das produtoras mais ativas do mercado cearense: a Estação Luz Filmes.

Espiritualista

É impossível não destacar dentro do cenário local o peso que os filmes espiritualistas adquiriram. A responsável por isso foi a produtora Estação Luz Filmes, integrada à ONG Estação Luz em 2007. Já em 2008 lançaram "Bezerra de Menezes - o Diário de um Espírito", que lotou as salas de cinema. De lá pra cá já foram dois curtas e cinco longas, entre produções e coproduções. "Chico Xavier - O Filme" integrou a lista dos quatro filmes brasileiros que ultrapassaram o patamar de um milhão de espectadores.

Para o produtor executivo Sidney Girão, o sucesso dos filmes espiritualistas indica uma tendência que caiu no gosto do público. "As pessoas apreciam histórias positivas e pretendemos manter essa linha em nossas próximas produções". Trabalhando a todo vapor, a Estação Luz já adianta o lançamento da ficção científica "Área Q" e de "O Filme dos Espíritos", baseado em "O Livro dos Espíritos", de Alan Kardec. A produtora anuncia ainda o trabalho com dois roteiros: uma comédia romântica e um drama, ainda em fase de tratamento.


Fonte: Diário do Nordeste


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