Expressa no primeiro artigo da Declaração universal dos direitos do homem, a fraternidade é a afirmação de que todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos, são dotados de razão e de consciência e devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
É um conceito filosófico profundamente ligado às ideias de Liberdade e Igualdade e com os quais forma o trio que caracterizou grande parte do pensamento revolucionário francês. Vale lembrar que dos três foi o único que não esteve no lema Iluminista que era "Liberdade, Igualdade e Progresso".
Fraternidade é uma ideia que estabelece o homem como animal político, fez uma escolha consciente pela vida em sociedade e para tal convive com seus semelhantes numa relação de igualdade, visto que em essência não há nada que hierarquicamente os diferencie: são como irmãos (fraternos). Este conceito é a peça-chave para a plena configuração da cidadania entre os homens, pois, por princípio, todos os homens são iguais. De uma certa forma, a fraternidade não é independente da liberdade e da igualdade, pois para que cada uma efetivamente se manifeste é preciso que as demais sejam válidas.
É eventualmente confundida com a expressão caridade e solidariedade, embora elas tenham significados radicalmente diferentes. A fraternidade expressa a dignidade de todos os homens, considerados iguais e assegura-lhes plenos direitos (sociais, políticos e individuais).
Historiadores dão conta de que a Maçonaria participou efetivamente da revolução Francesa - Malapert, orador do Supremo Conselho da França, escreveu em 1874, na revista La Chaine d´Union, " Para a prática da vida, procuramos uma formula capaz de reunir todas as condições desejáveis:“Liberté, Egalité, Fraternité” (“Liberdade, Igualdade, Fraternidade”)- é a que melhor corresponde às aspirações dos maçons". Que foram aceitas por todas as Lojas e os grandes homens da Revolução, maçons em grande parte, adotaram-na para divisa da República Francesa.
A ideia de afeto, união, carinho ou parentesco entre irmãos estava presente na palavra correspondente no grego comum do primeiro século - adelfótes. Segundo o apóstolo Pedro, fraternidade é o tipo de união que identifica os verdadeiros cristãos.
Campanha da Fraternidade
É realizada anualmente pela Igreja, sempre no período da Quaresma. Seu objetivo é despertar a solidariedade dos seus fiéis e da sociedade em relação a um problema concreto que envolve a sociedade brasileira, buscando caminhos de solução. A cada ano é escolhido um tema, que define a realidade concreta a ser transformada, e um lema, que explicita em que direção se busca a transformação. A campanha é coordenada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
* Educar para a vida em fraternidade, com base na justiça e no amor, exigências centrais do Evangelho.
* Renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja Católica na evangelização e na promoção humana, tendo em vista uma sociedade justa e solidária.
Realizada no Domingo de Ramos, é um gesto concreto, baseado na coleta da solidariedade. É realizada em âmbito nacional, em todas as comunidades cristãs católicas e ecumênicas. A destinação é a seguinte: 45% para a própria paróquia aplicar em programas de promoção humana; 35% para a Diocese aplicar na mesma finalidade; 10% para a CNBB Regional e 10% para a CNBB Nacional.
História da Campanha da Fraternidade
Idealizada em 1961 por três padres responsáveis pela Cáritas Brasileira, tratava-se de uma campanha para arrecadar fundos para as atividades assistenciais e promocionais da instituição e torná-la autônoma financeiramente. A atividade foi chamada Campanha da Fraternidade e realizada pela primeira vez na quaresma de 1962, em Natal no Rio Grande do Norte, com adesão de outras três Dioceses e apoio financeiro dos Bispos norte-americanos. No ano seguinte, 16 Dioceses do Nordeste realizaram a campanha. Não teve êxito financeiro, mas foi o embrião de um projeto anual dos Organismos Nacionais da CNBB e das Igrejas Particulares no Brasil, realizado à luz e na perspectiva das Diretrizes Gerais da Ação Pastoral (Evangelizadora) da Igreja em nosso País.
O Secretariado Nacional de Ação Social da CNBB, no início da campanha, teve destacada atuação da qual dependia a Cáritas Brasileira, que fora fundada no Brasil em 1957. O responsável pelo Secretariado de Ação Social Na época era Dom Eugênio de Araújo Sales, Presidente da Cáritas Brasileira. O fato de ser Administrador Apostólico de Natal explica que a Campanha tenha iniciado naquela circunscrição eclesiástica e em todo o Rio Grande do Norte.
Sob o impulso renovador do espírito do Concílio Vaticano II, em andamento na época e realizado pela primeira vez na quaresma de 1964, o projeto foi lançado em nível nacional, no dia 26 de dezembro de 1962. O tempo do Concílio foi fundamental para a concepção e estruturação da Campanha da Fraternidade, bem como o Plano Pastoral de Emergência e o Plano de Pastoral de Conjunto, enfim, para o desencadeamento da Pastoral Orgânica e outras iniciativas de renovação eclesial. Ao longo de quatro anos seguidos, por um período extenso em cada um, os Bispos ficaram hospedados na mesma casa, em Roma, participando das sessões do Concílio e de diversos momentos de reunião, estudo, troca de experiências. Nesse contexto, nasceu e cresceu a Campanha da Fraternidade.
Os Bispos aprovaram, em 20 de dezembro de 1964, o fundamento inicial do evento, intitulado: Campanha da Fraternidade - Pontos Fundamentais apreciados pelo Episcopado em Roma. Em 1965, tanto Cáritas quanto Campanha da Fraternidade, que estavam vinculadas ao Secretariado Nacional de Ação Social, foram vinculadas diretamente ao Secretariado Geral da CNBB. A CNBB passou a assumir a CF. Nesta transição, foi estabelecida a estruturação básica da CF. Em 1967, começou a ser redigido um subsídio maior que os anteriores para a organização anual da CF. Nesse mesmo ano iniciaram também os encontros nacionais das Coordenações Nacional e Regionais da CF. A partir de 1971, participam deles também a Presidência e a Comissão Episcopal de Pastoral.
A Campanha da Fraternidade, de 1962 até os dias de hoje, é uma atividade ampla de evangelização desenvolvida num determinado tempo (quaresma), para ajudar os cristãos e as pessoas de boa vontade a viverem a fraternidade em compromissos concretos no processo de transformação da sociedade a partir de um problema específico que exige a participação de todos na sua solução. É grande instrumento para desenvolver o espírito quaresmal de conversão, renovação interior e ação comunitária como a verdadeira penitência que Deus quer de nós em preparação da Páscoa. É momento de conversão, de prática de gestos concretos de fraternidade, de exercício de pastoral de conjunto em prol da transformação de situações injustas e não cristãs. É um precioso tema para a evangelização do tempo quaresmal, retomando a pregação dos profetas confirmada por Cristo, segundo a qual a verdadeira penitência que agrada a Deus é repartir o pão com quem tem fome, dando de vestir ao maltrapilho e libertando os oprimidos.
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