O Rio Grande do Norte terá no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) uma tecnologia de ponta que ajudará a salvar vítimas de doenças cardiovasculares graves, como infarto e arritmia. No total, seis ambulâncias do estado vão oferecer o Sistema Tele-Eletrocardiografia Digital, que permite ao profissional de saúde obter um diagnóstico mais preciso do paciente ainda em sua casa, antes do deslocamento para o hospital. O sistema pode reduzir em até 20% o número de mortes por doenças do coração. O sistema deve entrar em funcionamento até o final do ano, segundo o Ministério da Sáude.
Cada ambulância do Samu será equipada com um pequeno aparelho (tele-eletrocardiógrafo digital portátil) capaz de transmitir o eletrocardiograma por meio de telefonia celular ou mesmo por telefone fixo. O exame realizado no paciente em sua residência ou na ambulância é analisado na central de Telemedicina do Hospital do Coração (HCor). O laudo retorna para a ambulância de origem. Todo esse trâmite dura, em média, cinco minutos. A central dispõe de 16 médicos para a leitura dos eletrocardiogramas do Samu 24h por dia. Além disso, o médico de origem pode discutir os casos com os especialistas de apoio no HCor. O trabalho é realizado diariamente em tempo real.
O projeto-piloto do Ministério da Saúde é uma parceria com o HCor, que detém a tecnologia digital e faz parte da iniciativa Hospitais de Excelência a serviço do SUS, lançado pelo governo federal em 2008. "O serviço é de extrema importância para a população brasileira atendida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Ele alia conhecimento médico com tecnologia de ponta. Permite agilidade, precisão e redução do tempo de atendimento, diminuindo as sequelas e mortes por doenças cardiovasculares", explicou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, durante o lançamento do sistema, em Brasília. "É como se cada ambulância do Samu que dispõe de médico tivesse um cardiologista para dar orientações. Se o resultado do eletrocardiograma recebido confirmar o infarto, toda orientação de medicação e de encaminhar o paciente para o hospital já é feita, ou seja, ganha-se muito tempo no atendimento do paciente", ressaltou.
Os benefícios diretos dessa tecnologia são a redução do tempo de atendimento, a análise mais apurada do quadro do paciente e a realização de uma triagem ainda na casa da pessoa ou na ambulância, para encaminhamento mais ágil ao chegar a um hospital. Estudo publicado na revista Circulation estima que metade das mortes por infarto ocorre nas primeiras duas horas e que, a cada 30 minutos perdidos no atendimento, o risco de mortalidade aumenta em 7%.
Primeira fase
Na primeira fase do projeto do Ministério da Saúde e do HCor, foram adquiridos 450 kits com eletrocardiógrafos e telefones celulares. Um kit serve uma ambulância. No momento, o serviço está em 37 cidades de dez estados brasileiros. Por enquanto, 86 kits já estão em funcionamento ou em fase de instalação.
A meta é expandi-lo para todas as 147 centrais de regulação do SAMU, que abrangem 1.276 municípios e alcançam cerca de 106 milhões de pessoas em todo o Brasil, iniciando pelas capitais dos estados. Os kits são destinados prioritariamente às ambulâncias de suporte avançado. Atualmente, existem no SAMU 326 veículos desse tipo. O Ministério da Saúde tem 1.445 ambulâncias em funcionamento e comprou, em 2009, mais 1.850 novas unidades móveis, que circularão em todos os estados e no Distrito Federal em 2010, beneficiando mais de 90% da população brasileira. "Estamos em plena universalização do SAMU. Com as novas ambulâncias, vamos ampliar o acesso da população ao serviço", ressaltou o ministro.
Esse diagnóstico digital permite a segunda opinião de um especialista em cardiologia e, consequentemente, maior segurança e precisão no diagnóstico e tratamento. Pesquisas internacionais mostram que a interpretação de um eletrocardiograma realizado por um cardiologista (em vez de um médico generalista) reduz de 9% para 5% o número de infartos não-diagnosticados. Os investimentos no projeto do Sistema de Tele-Eletrocardiografia Digital são de R$ 6,9 milhões em três anos, aplicados na compra de aparelhos, treinamento de equipes do SAMU e manutenção de equipamentos.
Fonte: DN Online
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