25 de mar. de 2010

Alexandre Nardoni nega ter matado a filha

Alexandre Nardoni chorou três vezes durante o depoimento no julgamento sobre a morte da sua filha, Isabella e disse que foi ameaçado e humilhado por policiais.
Começou a fase decisiva desse julgamento. Hoje é o dia em que Alexandre e Anna Carolina Jatobá são interrogados pelo juiz, por advogados e respondem até as perguntas formuladas pelos jurados.
Alexandre Nardoni teve problema em explicar a questão da pensão alimentícia. O promotor questionou quem pagava e ele disse que era ele. Porém, consta nos autos e no próprio depoimento de Anna Jatobá é que ele não pagava tudo, era que Alexandre pagava uma parte.
Inclusive, a mãe de Isabella, Ana Carolina de Oliveira, chegou a interpelá-lo judicialmente, entrar com uma ação, por falta de pagamento.

Alexandre chorou em três momentos. Ele entrou junto com Anna Jatobá no plenário. Quando ele foi escolhido a ser o primeiro a ser interrogado, Anna Jatobá foi retirada da sala, porque um não pode assistir o interrogatório do outro.

Ele ouviu a peça da denúncia que o juiz leu e ele começou a narrar ao juiz o que ele viu, a versão dele e chorou muito. Nossa reportagem percebeu que os jurados ficaram, de certa forma, sensibilizados com essa reação do Alexandre.

Não há como saber se o choro foi verdadeiro ou falso, fazer a interpretação do comportamento humano, pois nem sempre quem chora está sofrendo e nem sempre quem está em silêncio está deixando de sofrer.

A plateia está impassível, pois em toda a abertura de sessão o juiz dá uma bronca em todo mundo, proibindo o uso de celular, filmagens e se manifestar também. O juiz é muito técnico e segue as regras do Tribunal do Júri e, por isso, todos respeitam muito ele.

Por causa dessa fase decisiva que está acontecendo nesta quinta-feira no julgamento e mais aguardada - que é o interrogatório de Alexandre Nardoni e Anna Jatobá - uma fila enorme de anônimos se formou do lado de fora do fórum de Santana.

E quem são eles? Um grupo de estudantes que vê no julgamento do casal Nardoni uma grande aula. “É um sonho meu estar vendo um julgamento criminalista por júri e também ver a reação da justiça”, fala Claudia Adail, estudante de Direito.

O sonho de Claúdia é o mesmo das dezenas de pessoas que passaram a madrugada em frente ao fórum: assistir a um dos julgamentos mais aguardados da história. “É um aprendizado único. Não é todo dia que gente tem aí tanto defesa e acusação da o melhor de si para realmente chegar a uma veredito final”, diz Rafael Bittencourt Melo.

De manhã a fila triplicou, mas a expectativa de entrar se misturou à impaciência. Houve um princípio de tumulto que só terminou com a chegada da polícia.

Entre os madrugadores, há, claro, pessoas motivadas apenas pela curiosidade, mas a grande maioria é formada por profissionais e estudantes do Direito. Muitos perderam aula e trabalho para tentar conseguir acompanhar um julgamento que vai servir como experiência pra toda a carreira.

Sasha Paladi, que está no primeiro ano de Direito, é a única pessoa em toda a fila que vai entrar pela segunda vez na sala do júri. Ontem, ela presenciou o depoimento da perita Rosângela Monteiro. “Ela foi mostrar que realmente as marcas da camiseta que foi pega do Nardoni e a camiseta que foi feita a prova eram literalmente iguais, não tinha nenhum tracinho diferente do outro, e isso me chamou atenção”.

O caso Nardoni atraiu até mesmo estudantes de outras áreas. Uiara Correia da Silva, estudante de psicologia, quer entrar para observar o comportamento da defesa, acusação, réus e jurado. "A psicologia forense também é uma área que me interessa. Trabalha junto com direito”.

A defesa nesses primeiros dias teve muitos problemas. É fato que ocorreram problemas de estratégia. A defesa havia convocado 17 testemunhas exclusivas e ouviram só duas, rapidamente.

Agora, estão apostando muito nos dois interrogatórios, porque são os réus que vão expor suas versões. A defesa acredita especialmente no interrogatório de Anna Jatobá. Segundo Roberto Podval, ela é mais detalhista e se emociona muito mais. Então, ela tem uma capacidade de chamar atenção para sua versão mais que Alexandre.

Outra estratégia que está ficando clara é que todo mundo interrompe o promotor no interrogatório pedindo que ele cite as páginas e os volumes de onde estão os depoimentos que ele está citando. Ele tem que fazer mesmo isso, mas tem muitas vezes que o promotor não faz.

Houve uma discussão forte entre promotoria e defesa, o juiz teve que intervir. O debate ainda não havia começado.

A impressão passada é que os advogados usam essa estratégia para quebrar o ritmo do promotor.

A previsão é que cada interrogatório dure de quatro a cinco horas. O debate entre as duas partes (acusação e defesa) provavelmente será amanhã. É preciso ver se terá acariação.

A mãe de Isabella, Ana Carolina de Oliveira, está separada em uma sala separada, sem comunicação, e passou mal pela manhã. O juiz alertou a defesa que ela estava passando mal e os médicos foram examiná-la. Ela já está melhor, mas continua separada, à disposição da defesa.

Amanhã terá o debate entre as duas partes. São nove horas, quatro horas e meia para cada lado, com réplica e treplica. Depois, os jurados vão para sala secreta e dão o veredito. Se tudo ocorrer neste ritmo, a sentença sairá sexta-feira à noite.

Os dois réus receberão vereditos separados. Estão sendo julgados juntos porque o crime foi conjunto, porém eles serão avaliados pelos jurados separadamente. Será um interrogatório para cada.

0 comentários:

Postar um comentário

Obrigada por comentar e visitar nosso blog.

 

Atualmente

Este blog possui atualmente:
Comentários em Artigos!
Widget UsuárioCompulsivo

.