Por Cláudia Feijó
Dizem que trabalhar em “departamento pessoal” (sinceramente prefiro a expressão Administração de Pessoal) é extremamente desgastante e não traz reconhecimento profissional algum, já que a empresa enxerga essa área apenas como um centro de custo. Não é por acaso que é um departamento altamente “terceirizável”.
Por um lado, eu concordo com essa premissa, até porque já senti na pele o que é trabalhar, trabalhar, trabalhar e não receber de volta nem mesmo um “muito obrigado pelo seu empenho”. Fora a rotina puxada, zilhões de cálculos e controles para que tudo saia com perfeição e nenhum empregado seja prejudicado em seus benefícios e pagamentos. Ou, ao contrário, para que não recebam além do que têm direito, trazendo prejuízos para a empresa.
No entanto, existem momentos em que a profissão torna-se gratificante. E foi pensando nisso que resolvi escrever esse pequeno artigo, em comemoração ao dia do Administrador de Pessoal.
Eu já estava na empresa há mais de um ano quando recebi o telefonema de um dos diretores. Homem de cerca de quarenta anos, formado em Física, com pós-doutorado no exterior, gerenciava uma área de alta complexidade na organização. Nós nunca havíamos conversado antes, porém eu já havia recorrido ao prontuário dele algumas vezes, em busca de documentos, por isso conhecia o seu histórico. Quando atendi ao telefone e ele se identificou, pensei – “só pode ser problema com algum funcionário dele... o que será que aconteceu?”.
Logo nas primeiras palavras, ele foi bastante gentil:
- Cláudia? Bom dia, aqui é o “fulano”. Estou precisando da sua ajuda...
- Sim, claro, qual é a sua dúvida?
- É o seguinte: vou sair de férias na segunda-feira. Trabalho há dez anos nessa empresa, e é sempre a mesma coisa, nunca consigo entender o recibo de férias, o que tenho direito a receber, se vou ter adiantamento...será que você poderia me ajudar a entender?
Meu primeiro pensamento foi: “fala sério... um cara inteligente desses, não conseguir decifrar um simples recibo de férias?” Mas foi então que percebi que aquela não era, definitivamente, a especialidade dele. Ele poderia ser muito bom, excelente, o melhor profissional do país na área dele...mas ele não tinha a obrigação de saber todos os cálculos de férias...mas tinha o direito a saber quais valores iria receber nos próximos dias e qual o impacto no pagamento (quem trabalha sabe a confusão que as verbas causam...).
Acessei o recibo de férias e, com ele ao telefone, fui pacientemente explicando o que significavam todos aqueles termos “complexos”. Deixei claro que o terço das férias, o abono pecuniário e o décimo-terceiro salário é que eram os valores adicionais, e o restante, salário, ou seja, fazia parte da remuneração normal e que não convinha gastar tudo de uma vez, com uma viagem, por exemplo, (outro erro típico de quem sai de férias...). Como o salário dele beirava o astronômico, os cálculos eram mais complexos. Por isso, a conversa se estendeu por mais de vinte minutos, até que ele se satisfez com todas as minhas explicações. Ao se despedir, ele falou a seguinte frase, que me lembro até hoje:
- Cláudia, muito obrigado pelas suas explicações. Até hoje ninguém havia me esclarecido tão bem o que significam as verbas de férias. Acho que ano que vem não terei mais problemas em entender esse recibo. Muito obrigado mesmo!!
- De nada – respondi – sempre que você precisar, pode entrar em contato. É exatamente para isso que estou aqui, para sanar as dúvidas de todos os funcionários da empresa.
- Sim, com certeza – ele ainda acrescentou – eu realmente não entendo nada desses cálculos. É sempre bom ter alguém especialista no assunto, para que a gente possa consultar e não ter que se preocupar com essas contas.
Desliguei o telefone e me senti bastante motivada. Afinal, ele tinha razão e disse o óbvio – eu, sendo especialista, tinha mais competência para tratar do assunto férias que ele – mas me estimulou a trabalhar com muito mais empenho naquele dia. E mesmo hoje, passados mais de dois anos, quando sinto que algumas pessoas querem “rebaixar” a qualidade do meu trabalho ou desvalorizar a função, penso naquele diretor e em sua humildade ao reconhecer que não sabe tudo.
Por isso, caros colegas, nunca deixem que ninguém os desanime. Se o trabalho é árduo, vamos procurar meios de torná-lo mais agradável – e, se possível, promovendo-o, tratando-o como algo realmente útil ao funcionamento de qualquer organização – e não permitir a desvalorização do profissional de Administração de Pessoal.
Dizem que trabalhar em “departamento pessoal” (sinceramente prefiro a expressão Administração de Pessoal) é extremamente desgastante e não traz reconhecimento profissional algum, já que a empresa enxerga essa área apenas como um centro de custo. Não é por acaso que é um departamento altamente “terceirizável”.
Por um lado, eu concordo com essa premissa, até porque já senti na pele o que é trabalhar, trabalhar, trabalhar e não receber de volta nem mesmo um “muito obrigado pelo seu empenho”. Fora a rotina puxada, zilhões de cálculos e controles para que tudo saia com perfeição e nenhum empregado seja prejudicado em seus benefícios e pagamentos. Ou, ao contrário, para que não recebam além do que têm direito, trazendo prejuízos para a empresa.
No entanto, existem momentos em que a profissão torna-se gratificante. E foi pensando nisso que resolvi escrever esse pequeno artigo, em comemoração ao dia do Administrador de Pessoal.
Eu já estava na empresa há mais de um ano quando recebi o telefonema de um dos diretores. Homem de cerca de quarenta anos, formado em Física, com pós-doutorado no exterior, gerenciava uma área de alta complexidade na organização. Nós nunca havíamos conversado antes, porém eu já havia recorrido ao prontuário dele algumas vezes, em busca de documentos, por isso conhecia o seu histórico. Quando atendi ao telefone e ele se identificou, pensei – “só pode ser problema com algum funcionário dele... o que será que aconteceu?”.
Logo nas primeiras palavras, ele foi bastante gentil:
- Cláudia? Bom dia, aqui é o “fulano”. Estou precisando da sua ajuda...
- Sim, claro, qual é a sua dúvida?
- É o seguinte: vou sair de férias na segunda-feira. Trabalho há dez anos nessa empresa, e é sempre a mesma coisa, nunca consigo entender o recibo de férias, o que tenho direito a receber, se vou ter adiantamento...será que você poderia me ajudar a entender?
Meu primeiro pensamento foi: “fala sério... um cara inteligente desses, não conseguir decifrar um simples recibo de férias?” Mas foi então que percebi que aquela não era, definitivamente, a especialidade dele. Ele poderia ser muito bom, excelente, o melhor profissional do país na área dele...mas ele não tinha a obrigação de saber todos os cálculos de férias...mas tinha o direito a saber quais valores iria receber nos próximos dias e qual o impacto no pagamento (quem trabalha sabe a confusão que as verbas causam...).
Acessei o recibo de férias e, com ele ao telefone, fui pacientemente explicando o que significavam todos aqueles termos “complexos”. Deixei claro que o terço das férias, o abono pecuniário e o décimo-terceiro salário é que eram os valores adicionais, e o restante, salário, ou seja, fazia parte da remuneração normal e que não convinha gastar tudo de uma vez, com uma viagem, por exemplo, (outro erro típico de quem sai de férias...). Como o salário dele beirava o astronômico, os cálculos eram mais complexos. Por isso, a conversa se estendeu por mais de vinte minutos, até que ele se satisfez com todas as minhas explicações. Ao se despedir, ele falou a seguinte frase, que me lembro até hoje:
- Cláudia, muito obrigado pelas suas explicações. Até hoje ninguém havia me esclarecido tão bem o que significam as verbas de férias. Acho que ano que vem não terei mais problemas em entender esse recibo. Muito obrigado mesmo!!
- De nada – respondi – sempre que você precisar, pode entrar em contato. É exatamente para isso que estou aqui, para sanar as dúvidas de todos os funcionários da empresa.
- Sim, com certeza – ele ainda acrescentou – eu realmente não entendo nada desses cálculos. É sempre bom ter alguém especialista no assunto, para que a gente possa consultar e não ter que se preocupar com essas contas.
Desliguei o telefone e me senti bastante motivada. Afinal, ele tinha razão e disse o óbvio – eu, sendo especialista, tinha mais competência para tratar do assunto férias que ele – mas me estimulou a trabalhar com muito mais empenho naquele dia. E mesmo hoje, passados mais de dois anos, quando sinto que algumas pessoas querem “rebaixar” a qualidade do meu trabalho ou desvalorizar a função, penso naquele diretor e em sua humildade ao reconhecer que não sabe tudo.
Por isso, caros colegas, nunca deixem que ninguém os desanime. Se o trabalho é árduo, vamos procurar meios de torná-lo mais agradável – e, se possível, promovendo-o, tratando-o como algo realmente útil ao funcionamento de qualquer organização – e não permitir a desvalorização do profissional de Administração de Pessoal.
Fonte da Foto: radiojornaldeitabuna.blogspot.com |
Fonte: Administradores.com.br
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